Dores Comuns no Treino de Academia e Como a Fisioterapia Integrativa Pode Ajudar

Por Rodrigo Devadas – Fisioterapeuta Integrativo

Treinar na academia é um hábito poderoso para melhorar saúde, composição corporal, humor e qualidade de vida. Porém, junto com os benefícios, também surgem desafios físicos que podem limitar a evolução: dores musculares persistentes, rigidez articular, tensão nas costas, desconforto nos ombros ou até aquela “fisgada” incômoda no joelho.

Esses sinais do corpo não são apenas consequências inevitáveis do exercício — muitas vezes são pedidos de atenção.
E quando entendemos essas dores de forma integrada, é possível prevenir lesões, acelerar a recuperação e otimizar o desempenho.

A seguir, apresento as dores mais comuns de quem treina e como a Fisioterapia Integrativa pode ajudar de forma humanizada, efetiva e baseada em evidências.

1. Dor lombar no treino

A lombar é uma das regiões mais afetadas na musculação, especialmente em exercícios como agachamento, levantamento terra e remadas.

Causas comuns:

  • Falta de mobilidade de quadril
  • Core fraco ou pouco ativado
  • Sobrecarga na coluna por técnica inadequada
  • Tensão acumulada no dia a dia (sedentarismo, estresse, trabalho sentado)

Como a Fisioterapia Integrativa ajuda:

  • Avaliação do padrão de movimento
  • Liberação miofascial e técnicas manuais para reduzir tensão
  • Exercícios de controle motor e respiração
  • Fortalecimento de glúteos, abdômen e quadril
  • Reprogramação postural consciente

2. Dor nos ombros (bursite, impacto, tendinite leve)

O ombro é altamente móvel — e justamente por isso sofre com instabilidade e falhas na técnica de treino.

Causas comuns:

  • Sobrecarga em push day
  • Falta de mobilidade torácica
  • Escápulas que não estabilizam bem
  • Má execução em elevação lateral e supino

Como a Fisioterapia Integrativa ajuda:

  • Correção biomecânica dos movimentos
  • Ativação escapular e fortalecimento do manguito rotador
  • Mobilidade torácica e cervical
  • Técnicas manuais para redução de dor e rigidez

3. Dor no joelho (agachamento, leg press, corrida na esteira)

Nem sempre o problema está no joelho — muitas vezes nasce nos pés, tornozelos ou quadris.

Causas comuns:

  • Valgo dinâmico
  • Baixa mobilidade de tornozelo
  • Glúteo médio fraco
  • Sobrecarga de treino sem progressão adequada

Como a Fisioterapia Integrativa ajuda:

  • Avaliação de cadeia cinética completa
  • Fortalecimento dos estabilizadores do quadril
  • Treino de mobilidade de tornozelos
  • Ajustes em cargas, ângulos e execução

4. Dor cervical e tensão no trapézio

Muito comum em quem treina com postura inadequada ou passa o dia no computador.

Causas comuns:

  • Elevação dos ombros durante os exercícios
  • Respiração superficial
  • Estresse emocional acumulado
  • Falta de mobilidade torácica

Como a Fisioterapia Integrativa ajuda:

  • Manobras de relaxamento profundo
  • Reeducação da respiração
  • Correção da postura nos exercícios
  • Mobilidade torácica e cervical

5. Dor muscular tardia que não passa (DOMS prolongado)

Dor muscular tardia é normal — mas quando dura vários dias ou impede o treino, algo merece atenção.

Causas comuns:

  • Volume excessivo de treino
  • Baixa recuperação
  • Falta de sono ou hidratação
  • Desequilíbrios musculares

Como a Fisioterapia Integrativa ajuda:

  • Estratégias de recuperação ativa
  • Orientação personalizada de descanso e cargas
  • Técnicas de liberação profunda
  • Avaliação funcional para correção de assimetrias

Por que a Fisioterapia Integrativa é tão eficiente para quem treina?

Porque ela não trata “só a dor”.
Ela entende o corpo como um sistema integrado: postura, respiração, força, mobilidade, emoções, rotina e até hábitos de treino.

O objetivo não é apenas aliviar — é corrigir a causa, reorganizar o movimento e devolver desempenho, segurança e bem-estar.

Na prática, isso significa:

  • Recuperação mais rápida
  • Treinos mais eficientes
  • Menor risco de lesão
  • Maior consciência corporal
  • Corpo mais leve, alinhado e funcional

Conclusão

Dores no treino não são sentenças: são oportunidades de ajustar, evoluir e treinar com mais inteligência.

A Fisioterapia Integrativa traz um olhar humano, técnico e completo, capaz de harmonizar músculos, articulações, respiração e mente para que o corpo trabalhe a favor — e não contra — sua performance.


Referências Científicas

  1. Cheung, K. et al. Delayed onset muscle soreness: treatment strategies and performance factors. Sports Medicine, 2003.
  2. Panics, G. et al. Functional movement screen training improves functional movement patterns in healthy individuals. International Journal of Sports Medicine, 2016.
  3. Hodges, P. & Tucker, K. Moving differently in pain: a new theory on the adaptability of movement. Clinical Journal of Pain, 2011.
  4. Lewis, J. Rotator cuff tendinopathy: a model for pathogenesis and rehabilitation. British Journal of Sports Medicine, 2010.
  5. Powers, C. The influence of altered hip mechanics on knee injury: a biomechanical perspective. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 2010.
  6. Lima, P. et al. Manual therapy and exercise for shoulder impingement: systematic review. Journal of Orthopaedic Research, 2017.