Fibromialgia: toque consciente no alívio da dor difusa

O que é fibromialgia?

A fibromialgia é uma síndrome de dor crônica caracterizada por dor musculoesquelética difusa, fadiga, distúrbios do sono, alterações cognitivas e hipersensibilidade ao toque. Estudos recentes sugerem que ela está relacionada a uma sensibilização central, em que o sistema nervoso amplifica os sinais de dor, associando-se a fatores emocionais e psicossociais (Sluka & Clauw, 2016; Häuser et al., 2021).

E dor difusa?

É uma dor espalhada por uma área ampla do corpo, sem um ponto de origem específico. Diferente da dor localizada (como a dor no joelho após uma lesão), a dor difusa pode ser difícil de ser identificada ou localizada precisamente pelo paciente.

Intervenções físicas e o papel do toque

A literatura destaca os exercícios aeróbicos e de resistência como a base do tratamento da fibromialgia, trazendo benefícios sobre dor, função e qualidade de vida (Bidonde et al., 2017).

Entretanto, intervenções manuais e baseadas no toque consciente também têm demonstrado efeitos positivos:

  • Terapias manuais, como massagem suave e técnicas de toque, apresentam melhora em dor, ansiedade e qualidade do sono (Yuan et al., 2015).
  • Um ensaio clínico de terapia manual suave (gentle touch therapy) mostrou redução significativa da dor e melhora na qualidade de vida de pacientes com fibromialgia após seis meses (Nijs et al., 2021).
  • Revisão sistemática apontou que a combinação de terapias “hands-off” (exercícios, educação) com “hands-on” (toque, técnicas manuais) produz melhores resultados do que estratégias isoladas, principalmente em parâmetros de dor e sono (Fiorentino et al., 2022).

Esses achados reforçam a importância de integrar o toque consciente a programas de reabilitação multimodal.

Por que o toque consciente importa

O toque consciente vai além da técnica. Ele oferece ao paciente:

  • Regulação do sistema nervoso: modulando a resposta de dor e estresse (McParland et al., 2022).
  • Sensação de segurança corporal: essencial para pacientes que se sentem “desconectados” do próprio corpo devido à dor crônica.
  • Experiência de cuidado e acolhimento, que aumenta a adesão e fortalece o vínculo terapêutico.

Minha prática: fisioterapia humanizada e terapia corporal integrativa

Na minha atuação, integro a fisioterapia baseada em evidências com a fisioterapia humanizada e a terapia corporal integrativa (TCI). Isso significa que, além dos exercícios terapêuticos, utilizo o toque consciente como recurso de conexão, alívio e reconexão entre corpo e mente. São realizados micro ajustes com o toque, sempre levando em consideração a história e total “presença” desse paciente em cada respiração, sessão a sessão. É um movimento lento, sem pressa e com atenção as necessidades individuais de cada pessoa. Porque ninguém é igual a ninguém e ninguém sente dor da mesma forma, bem como sua regulação para a diminuição de sua dor.

Assim, o tratamento não é apenas sobre “diminuir a dor”, mas sobre ampliar a autonomia, restaurar o equilíbrio e devolver qualidade de vida.

Conclusão

A fibromialgia exige uma abordagem ampla, que reconheça tanto os aspectos físicos quanto emocionais da dor. O toque consciente, aplicado com segurança e intenção, surge como uma estratégia promissora para complementar o tratamento convencional, oferecendo alívio e acolhimento a quem convive diariamente com a dor difusa. Técnica essa que pode ser aplicada para qualquer patologia, pois partimos da individualidade de casa SER.

Atendimentos com a Terapia Corporal Integrativa

Rua Raul Zomignani, 131 Jd Marco Leite – Jundiai

Rodrigo Devadas


📚 Referências

  • Bidonde, J., Busch, A. J., Schachter, C. L., Overend, T. J., Kim, S. Y., Góes, S. M., … & Boden, C. (2017). Aerobic exercise training for adults with fibromyalgia. Cochrane Database of Systematic Reviews, (6). https://doi.org/10.1002/14651858.CD012700
  • Fiorentino, G., Esposito, R., & Fusco, A. (2022). Multimodal approaches to fibromyalgia: hands-on vs. hands-off treatments. Biomedicines, 10(2412). https://doi.org/10.3390/biomedicines10102412
  • Häuser, W., Fitzcharles, M. A., & Clauw, D. J. (2021). Fibromyalgia revisited: lessons from recent clinical trials. Best Practice & Research Clinical Rheumatology, 35(3). https://doi.org/10.1016/j.berh.2020.101717
  • McParland, J., Andrews, P., & Scott, W. (2022). The role of safety, touch and trust in fibromyalgia treatment. Pain Management Nursing, 23(2). https://doi.org/10.1016/j.pmn.2021.07.004
  • Nijs, J., Malfliet, A., Ickmans, K., Baert, I., Meeus, M., & Coppieters, I. (2021). Treatment of central sensitization in patients with fibromyalgia: gentle touch therapy. Frontiers in Physiology, 12, 968292. https://doi.org/10.3389/fphys.2022.968292
  • Sluka, K. A., & Clauw, D. J. (2016). Neurobiology of fibromyalgia and chronic widespread pain. Neuroscience, 338, 114–129. https://doi.org/10.1016/j.neuroscience.2016.06.006
  • Yuan, S. L. K., Matsutani, L. A., & Marques, A. P. (2015). Effectiveness of different styles of massage therapy in fibromyalgia: a systematic review and meta-analysis. Manual Therapy, 20(2), 257–264. https://doi.org/10.1016/j.math.2014.09.003